2 ILHAS E 1 IMPÉRIO | EM DIRETO - DIA 5

10:00 MAIS UM BARCO, MAIS UMA ILHA

Foi logo pela manhã que saímos de casa (sim gostamos tanto destes apartamentos do Porto Pim Bay que já lhe chamamos casa) e fomos até ao terminal de ferries da Horta (apesar de um pouco mais tarde do que ontem, graças a um atraso do primeiro barco, que nos foi comunicado via sms pela companhia de ferries, o que foi bastante eficiente) par apanhar um novo ferry para uma nova ilha - a ilha do Pico.

Localizada mesmo em frente à ilha do Faial, esta ilha tem na sua montanha o seu maior ex libris, mas hoje ela está escondida sobe uma nuvem baixa que não a deixa revelar-se.

É neste contexto de chuva, nuvens baixas e ventos fortes (não tão fortes quanto na véspera, em são Jorge, mas fortes q.b.) que chegamos a mais esta nova ilha.


12:00 O MUSEU DOS BALEEIROS

A pouco mais de meia hora de caminho entre a Madalena (onde chega o ferry do Faial) encontramos a pequena povoação das Lages do Pico. É aqui que se situa o nosso primeiro destino de visita na ilha: o Museu dos Baleeiros.

Este edifício, vizinho ao posto de turismo da povoação, esta localizado em velhos armazéns de barcos baleeiros junto ao mar, que foram delicada e exemplarmente recuperados pela mestria de um arquiteto local com muito bom gosto.

Mas tão ou mais interessante do que o edifício em si, é a forma como numa exposição simples e com um filme documentário antigo, a arte da caça da baleia, que era tradicional nestas paragens, nos é explicada e muito poeticamente evocada. Este é um exemplo de como um pequeno museu pode ser algo bastante interessante.

14:00 AS TRÊS DECEPÇÕES

Depois de uma visita que nos encheu as medidas, vieram três pequenas desilusões seguidas: o Centro de Artes do Mar estava fechado (supostamente por causa do COVID19, e desde 1 de Março e ainda não abriu); o restaurante Magma recusou reservar uma mesa, apesar de a ter, mas preferiu dá-la a quem apareceu; depois, porque perceberam o que fizeram, reencaminharam-nos para outro restaurante a poucos kms de distância, que era na melhor das hipóteses mediano, apesar da pretensão a ser de topo (o qual não nomeamos, pois não merece nem a publicidade de ser aqui referido pelo nome).

Referirmos aqui estas três pequenas decepções tem um factor essencialmente informativo para os nossos leitores. A primeira é o espelho do que sentimos ao longo de todo o arquipélago: um medo surreal de um vírus que não existe em nenhuma ilha do arquipélago, com excepção da Terceira e de São Miguel. A quantidade de lojas, espaços culturais, ou equipamentos e actividades que estão encerrados por causa do COVID19, é alucinante e sem uma presença do vírus na sociedade e na comunidade ... e mais alucinante ainda é perceber que esta atitude é motivada por uma premissa falsa: que não há vírus por causa de haver todas essas actividades económicas e culturais suspensas!?!?!?

Segunda decepção e terceira são outro sintoma do que encontramos aqui: quem tem um produto sofisticado e de qualidade tem serviço ao público descuidado, e quem não tem um bom produto/serviço, torna-se irritante e injustificadamente pretensioso. Nestas paragens o melhor de tudo é o autêntico, pois a qualidade está na tradição e na cultura autóctone, e nas pessoas simples e humildes, que têm brio profissional no que fazem e se empenham em perpetuar essa arte portuguesa (e portanto, também ela açoreana) de receber bem a quem vem à nossa terra para nos conhecer melhor e nos vazlorizar naquilo e que somos melhores. Esta é uma característica que está infelizmente, arredada dos bons espaços que existem em todas as ilhas que visitámos até ao momento.

16:00 MAIS UM MUSEU EXEMPLAR

Depois das três situações que decorreram durante o período de almoço, fomos até à povoação de São Roque, encontrámos mais um local digno de nota de tão bom que é: o Museu da Indústria Baleeira.

Localizado numa antiga fábrica de processamento de baleias, aqui percebemos o quanto pesada era esta indústria, e todas as suas diversas vertentes. Mas esta outra pequena estrutura museológica, volta a ter um projeto de arquitetura muito delicado e inteligente e volta a respeitar a sua pré-existência arquitetónica, tudo complementando um bom projecto expositivo e assente nas antigas máquinas da fábrica.

Foi mais uma visita que nos deixou cheios, e muito satisfeitos com a qualidade deste pequeno museu desta ilha açoriana.


18:00 OS VINHOS DO PICO

Mas se há elemento cultural da ilha que é icónico e bem conhecido é a cultura do vinho. Por isso o nosso destino seguinte foi uma das mais independentes mas mais interessantes adegas deste vinho tão especial.

Ao chegarmos ao local de provas da Azores Wine Company, demo-nos conta do especial que este local é. Localizado numa pequena, mas muito bem desenhada casa branca, a sala de provas está no meio de uma impressionante e dramática paisagem negra de currais com vinhas que se perdem até onde o olhar alcança e que se estende até à falésia que dá para o mar.

A paisagem é absolutamente única e de uma beleza sublime e os vinhos que nos dão a provar (quem nos faz a prova é o simpático João, a quem agradecemos todo o calor e a simpatia no acolhimento excepcional, bem como todas as explicações que nos deu), são especiais e de uma qualidade que surpreende pela positiva e pela diferença, pelo equilíbrio e pela simplicidade, pela diversidade e pela profundidade de sabor. É mais um momento incrível que vivemos nesta ilha e num local de uma simplicidade incrível e cuja autenticidade que aplaudimos e que foi essencial para que toda a experiência fosse perfeita.


20:00 O MELHOR BAR DA ILHA (E UM DOS MELHORES DE PORTUGAL)

Depois da prova de vinhos excepcional que tivemos na Azores Wine Company, vamos até outro local de culto na ilha: o Cella Bar.

Conhecido mundialmente pela qualidade da sua arquitetura contemporânea, este bar é muito mais do que isso. A simpatia do dono, a subtileza, eficiência e afabilidade do serviço, e a espetacularidade do espaço e a calma e serenidade do seu ambiente são pontos essenciais nesta experiência que se vive neste bar.

Porque tínhamos jantar marcado noutro local, não podemos atestar que a qualidade que se tem no bar, se vive também no restaurante, mas tudo indica que sim, pois todos os ingredientes que fazem a qualidade da experiência estão lá.


23:00 O JANTAR NO PRAYA

Depois de um final de tarde com outro copo de vinho do pico de qualidade excepcional e num dos bares mais incríveis que estivemos na vida, voltámos para os ferries e regressámos à ilha do Faial.

Aqui chegados dirigimos-nos sem demoras ao nosso destino final do dia: o restaurante Praya. A arquitetura do espaço é incrível, a simpatia e disponibilidade do serviço é admirável, mas as falhas no mesmo não estão em consonância com a experiência que se pretende viver. Desde comida servida no ponto errado, até acompanhamentos trocados, passando por descrições de pratos no menu que afinal não correspondem ao servido, há pequenas falhas um pouco por toda a refeição, desde as entradas à saída.

Este foi mais um potencial excelente restaurante açoriano, que infelizmente tem tudo para ser, mas não o é, por descuido, soberba, arrogância ou falta de conhecimento, este local veio confirmar a nossa teoria que afirmámos mais acima. Mas como o espaço era extraordinário e o serviço muito disponível e simpático (e o vinho mais uma edição limitada monocasta de absoluta excepção), foi um bom final de dia, que nos mostrou que os Açores são muito mais do que paisagem e que a sua cultura moderna ou ancestral são dignas de se explorarem e conhecerem!

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