A ROTA DOS MAHARAJAS | EM DIRETO - DIA 7


10.00 As Burocracias Estaduais da Índia

Depois de uma noite bem dormida ... a primeira das últimas 36 horas ... foi hora de sair e de nos dirigirmos ao centro da cidade de Leh para tratarmos de umas licenças para podermos fazer as visitas de amanhã.

Isto quer dizer que, para se poder ir a um dos nossos destinos de amanhã, temos de ter uma licença especial, passada pelo governo regional, por estarmos a aproximar-nos bastante de uma das fronteiras mais militarizadas do mundo: entre a Índia, o Tibete e a China.

Papéis preenchidos, passaportes mostrados, e muita conversa que não percebemos pelo meio ... e ficamos com a papelada tratada ... mas só nos é entregue ao final do dia ... pois hoje é dia 15 de Agosto - Dia da independência da Índia e o documento terá de ser assinado por oficial mais graduado que está nas comemorações deste dia.


11.00 A Estrada pelo Meio dos Himalaias

Depois dos papéis tratados, seguimos então para a estrada que nos vai levar aos nossos destinos do dia. É uma estrada que atravessa toda a região de Ladack (a região mais a norte da Índia) e que liga Leh a Srinagar.

Esta estrada começa por ir por um conjunto de planaltos no meio dos Himalaias e dá-nos a primeira conclusão do dia: estamos num imenso deserto de grande altitude.

A impressionante escala deste deserto, com macissos rochosos imensos, dunas de areia que se transformam em montanhas altas e o rio Indo num constante serpentear entre as montanhas e a estrada. Mas o mais impressionante é a imensa escala de toda esta paisagem inóspita, com uma estrada que circula por um território que se estende a perder de vista sem um único vestígio de seres humanos.

De vez em quando, surgem uns pequenos oásis em vales verdejantes, onde se situam umas povoações que vão marcando o ritmo desta viagem de quase 4 horas de carro.


12.30 O Encontro dos Dois Rios

A meio do caminho, passamos por um dos pontos que mais curiosidade nos causava: o encontro do rio Zanskar e o rio Indo.

No cruzamento dos dois rios, as águas não se misturam facilmente, pelo que se nota claramente a distinção das águas. Se o rio Indu tem as águas castanhas, o rio Zanskar tem as águas cremes.

Este fenómeno, no meio da espetacular paisagem envolvente, foi o primeiro dos pontos altos do dia.


13.15 O Mosteiro de Lamayuro

Ao fim de várias horas de viagem e de passarmos por um check point policial onde nos tivemos de identificar, chegamos finalmente ao nosso destino deste dia: o Mosteiro de Lamayuro.

Este Mosteiro budista, construído no sec. XI, situa-se no alto de um dos impressionante rochedo que domina todo o cenário da povoação que circunda este monumento.

A sua arquitetura monástica impecavelmente mantida, as inumeras bandeiras que esvoaçam ao vento, o cenário natural envolvente esmagador e os monges que se passeiam pelo mosteiro e o silência que se ouve em todo o recinto (pois somos os únicos turistas no local) é uma sensação avassaladora.

É o nosso primeiro mosteiro desta zona de Ladack, mas se todos são assim, esta é uma zona da Índia muito especial mesmo.

Depois de quase uma hora a explorar o mosteiro, as suas salas, os seus páteos, as suas escadas e os labirintos de caminhos, as vistas sobre a paisagem e os seus carreiros mágicos, decidimos sair para ir comer.

Entramos num restaurante junto à entrada do mosteiro para almoçar e deparamo-nos com o facto de este ser um restaurante gerido pelo próprio mosteiro. Aceitamos o desafio e escolhemos. A refeição que nos foi servida foi surpreendentemente saborosa, não picante e muito bem confeccionada. Não sendo um luxo, este restaurante é uma verdadeira surpresa, num local tão isolado quanto este teto do mundo!


15.30 De Novo na Estrada e as Colunas Militares

Depois de um surpreendente almoço no mosteiro de Lamayuru, voltamos à estrada e voltamos e direção a Leh.

A estrada junto a Leh atravessa um gigantesco planalto desértico ladeado por montanhas imensas, mas no final desse planalto cheamos a uma zona de montanhas e de uma estrada verdadeiramente acidentada. As curvas são impressionantes e a própria estrada serpenteia encosta acima e encosta abaixo, num ritmo bastante vertiginoso.

Com desfiladeiros rochosos de uma altura impressionante e zonas de estrada que se abateram, tornando-a ainda mais estreita (às vezes tão estreita, que os carros optam por passar antes por uma zona de terra, formando-se assim um zona de estrada informal), este caminho tem ainda outro aspecto muito particular: as colunas militares infindáveis.

Tal como percebemos ontem à chegada ao aeroporto, e hoje de manhã com as burocracias que já referimos, esta é uma zona altamente militarizada. A presença dos militares, quer em campos ao longo da estrada, quer em colunas de camiões infindáveis, faz com esta paisagem desértica (que mais nos faz lembrar o que imaginamos de uma paisagem lunar), se torne ainda mais impactante e forte.


16.30 Mosteiro de Alchi

A meio caminho entre Leh e Lamayuru, a pouco mais de 20 km da estrada principal, situa-se o mosteiro de Alchi.

Sendo este o mosteiro mais antigo de todos os mosteiros de Caxemira, a sua forma é bastate diversa. Situado num vale, a sua riqueza está na fragmentação do seu recinto em diversos pequenos templos, todos eles decorados interiormente de forma rica e vibrante.

A visita ao mosteiro de Alchi é totalmente complementar ao mosteiro anterior. Enquanto que um é espectacula pela sua situação cimeira de uma paisagem impressionante, este é-o pela sua discrição, sensibilidade de escala e discrição e simplicidade na arquitetura. A ligação à terra, a vibração dos brancos, a dispersão de templos por um recinto grande, que aparentemente não têm nexo, mas que fazem todo o sentido do ponto de vista do visitante, fazem desta visita um momento de serenidade notável.


17.30 As Compras em Alchi

À saída do mosteiro de Alchi, todo o percurso até ao carro, está ladeado por bancas informais de venda de produtos a turistas ... neste caso nós e mais duas ou três pessoas que encontrámos.

Decidimos então tirar alguns minutos e mergulhar na diversidade irresistível de produtos à venda. Máscaras cerimoniais, produtos de prata trabalhada, pinturas tibetanas, jóias tradicionais cerimoniais, baús e trabalhos de madeira pintada ... tudo nos apelava e tudo quisemos trazer.

Conseguimos resistir a muito ... mas não a tudo ... e assim fizemos mais umas compras neste mercado irresistível!


18.10 O Mosteiro de Likir

Depois de sairmos de lchi rumámos a toda a velocidade para o último dos mosteiros que queríamos ver hoje: o Mosteiro de Likir.

Com a informação que fechava às 18.00h, decidimos tentar na mesma a entrada neste mosteiro ... e conseguimos. Este mosteiro, também situado no topo de uma encosta conta com uma particularidade única, o facto de ter um buda gigante ao lado do próprio do mosteiro.

Ao subirmos a ruelas e as escadarias que dão acesso ao mosteiro, reparámos que a porta de entrada deste se encontrava ainda aberta ... pelo que entrámos e ainda conseguimos visitar os vários páteos e passagens deste mosteiro.

Foi um final de dia bem interessante e que encerrou em grande este primeiro dia neste deserto dos Himalaias, cheio de jóias da arquitetura budista para visitar.

Rumamos de volta a Leh!


20.00 O Jantar Nepalês

Depois da adaptação à altitude já estar mais estabilizada, decidimos ir até ao restaurante Hilife em Leh e provar as primeiras especialidades da cozinha caxemiri.

Sem saber muito bem o que estamos a pedir, arriscamos em nomes que nos parecem bem ... sem saber o que significam ... e acertamos.

A cozinha de Caxemira pauta-se por ser mais próxima à cozinha nepaleza e chinesa do que à cozinha indiana. Os sabores, os temperos e as texturas são surpreendentemente agradáveis e deliciosas.

Apesar deste restaurante não ser um luxo (até faltou a luz a meio do jantar ... voltando apenas uns minutos depois), a sua cozinha é um ponto forte deste dia!

Sendo que amanhã as nossas vizitas vão levar-nos a acordar por volta das 05.00 da manhã, para sairmos do hotel às 06.00 da manhã, decidimos a seguir ao jantar rumar ao hotel e deitarmo-nos, pois o dia de amanhã vai ser longo e exigente do ponto de vista físico.

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