NOS TRILHOS DE VERA CRUZ | EM DIRETO - DIA 10


ACORDAR NO PARAÍSO NÃO TEM HORAS

Com todo o stress da véspera, e uma vez que o pequeno almoço na Pousada Alamoa, onde ficámos alojados, é servido até ao meio dia, decidimos nesta primeira noite em Fernando Noronha acordar livres de horas ou de despertadores.

Assim foi que acordámos pela primeira vez em Fernando de Noronha, relaxados, tranquilos e sem pressas. Melhor foi o nosso acordar quando a simpática Cácia nos disse que poderia preparar na hora os ovos como quiséssemos ou fazer uma omelete com queijo, fiambre, tomate e basílico ... ou tudo. Claro que o pequeno almoço foi um deleite, com sumos feitos na hora, a omelete deliciosa e fruta descascada no momento. Tudo terminou com um café e uns biscoitos de laranja caseiros deliciosos.

Foi assim que percebemos que aqui, no paraíso de Fernando de Noronha, o acordar não tem horas!



DE BUGGY AMARELO ATÉ AO PORTO

Aqui em em Fernando de Noronha há cinco formas de os visitantes se deslocarem: a pé, de autocarro (que passa um em cada sentido a cada 45 min) de táxi, de carro alugado (raros e como tal caríssimos) ou ... de buggy. Foi esta a última opção a que escolhermos, e assim contactámos o simpático Gil que nos entregou um buggy amarelo canário na nossa pousada logo de manhã.

Como fomos avisados que o buggy tinha pouca gasolina, o primeiro que fomos fazer foi ir até à única bomba da ilha e encher o depósito (que segundo o Gil, um depósito chegará para toda a nossa estadia na ilha). E como esta era perto do único porto da ilha, assim fomos até lá e foi logo o primeiro local que visitámos.

Tendo estado a chover bastante nos últimos meses (mais do que o habitual, segundo os locais), tivemos sorte, pois este nosso primeiro dia foi o primeiro que não começou com chuva. No entanto ainda estava relativamente nublado. Mas independentemente da luz meio cinzenta, a beleza natural da ilha vulcânica é absolutamente deslumbrante. Os cumes das rochas que se lançam no ar repletos de uma vegetação exuberante e frondosa, cujos verdes contrastam com o negro das rochas, e o azul intenso das águas que se funde no horizonte com o cinza dramático das nuvens, fazem deste cenário um absoluto assombro.

Até aqui tínhamos percebido que a ilha era linda, pois pela estrada já tudo se anunciava paradisíaco, mas foi nesta praia do porto, com os barcos de madeira na areia, pintados de cores garridas, e todo este cenário natural envolvente que nos apercebemos: estamos num lugar muito especial!


O PROJETO TAMAR E A PRAIA DO SUESTE

A ilha de Fernando de Noronha é o resultado de um volcão cujo limite da sua cratera subaquática situa-se em pleno atlântico a cerca de uma hora de avião de Recife e mesmo em cima da linha do equador. Por isto, esta é uma ilha muito especial repleta de fauna e flora únicas e absolutamente preciosas e belas.

Os grandes guardiões deste parque natural são o Projeto Tamar. É junto à sua sede na ilha que podemos comprar as entradas na zona de Parque Natural, e é aqui que ficamos a saber todo o trabalho de recuperação e salvaguarda de espécies que este incrível projeto de proteção e salvaguarda ecológica está a fazer. Nomeadamente com as tartarugas da ilha, que estiveram quase extintas e actualmente, graças à ação do Projeto Tamar, já têm a sua população em níveis mais normais.

Depois das entradas no parque compradas, dirigimo.nos para a ponta sul da ilha e para a primeira praia que visitamos: a Praia do Sueste. Esta prara é a primeira que visitamos que se insere no perímetro do parque natural e que nos deixa completamente rendidos à beleza única e edílica da ilha. É aqui que passamos o resto da nossa manhã, a apreciar a vista da Baía do Sueste, a tomar banho nas tranquilas águas e a relaxar entre tubarões bébé, que nadam entre nós, como se nós pertencessemos ao seu próprio ecossistema.

A sensação é única, a beleza rara e o tempo pára perante tamanho paraíso na terra!



AS PRAIAS DO MAR DE DENTRO E A BAÍA DOS PORCOS

A ilha está dividida em duas partes, uma que está virada para o continente a que se chama o Mar de Dentro e outra que está virada para o meio do Atlântico (e para o centro do vulcão submarino) a que se chama o Mar de Fora. Ora se a Praia do Sueste estava no Mar de Fora (onde existem os tubarões e raias e tartarugas), as praias seguintes situavam-se no mais bravo Mar de Dentro.

Depois de um percurso de buggy por estradas de lama dignas de qualquer filme de Indiana Jones no meio da selva equatorial, chegamos a uma extensão de areia imensa e que dobra cabos de rocha negra, onde aves de diversas espécies nidificam nesta época do ano: é aqui que são as praias da Conceição, do Americano e da Cacimba do Padre.

As três, na maré baixa, unem-se numa extensão de areia infindável, fina como pó, e que se encontra deserta de pessoas e repleta de aves. Nas próximas horas é aqui que ficamos a percorrer esta extensão do paraíso chamado Fernando de Noronha, onde só surfistas e alguns aventureiros como nós estão nesta altura do dia. É aqui que o sol começa a despontar no meio das núveis e é aqui que nos apercebemos que com a alteração da luz, também o mar, a vegetação e as rochas ganham novas cores, incríveis e hipnotizantes.

Aqui passamos a tarde, e é aqui, numa barraca de praia (o restaurante das gémeas, na praia da Cacimba do Padre - o único de todas as praias) que comemos o nosso almoço, simples, mas delicioso, preparado na ora para nós, com peixe "muito Fresco" e deliciosamente temperado.

Depois de almoço ainda temos a sorte de a maré descer ainda mais e ser o suficiente para conseguimos ir a pé até à vizinha (e raramente acessível) baía dos Porcos (já dentro do perímetro do parque natural novamente), onde desfrutamos de um cenário de rochas e mar impactante e muito belo.

A sensação de comunhão com a natureza é absoluta, a ideia de que nada pode ser mais tranquilizante do que aqueles momentos de praia deserta cujo único som é o das ondas e das aves que voam sobre as nossas cabeças é unânime e é neste cenário absoluto de perfeição que passamos a nossa tarde.


O CENTRO DA VILA DE REMÉDIOS

Quando se está a aproximar o pôr do sol, começam a chegar alguns grupos de turistas com as tais excursões que nos quiseram vender à chegar ... aqui sabemos que está na hora de partir e regressamos ao nosso buggy, à estrada de lama e depois à estrada de alcatrão que atravessa a ilha longitudinalmente e nos leva até ao nosso destino de pôr do Sol: a Vila dos Remédios.

Este é o maior povoado da ilha, e tem na sua praça central o seu coração. O palácio da Administração (que data do século XVI) a sua igreja (sec. XVII), a sua única agência bancária e as inúmeras lojas de marcas de roupa de praia e de souvenirs estão aqui concentradas.

Viemos na hora exacta, para podermos gozar este centro vazio de pessoas, enquanto todos os turistas estão nas praias do Mar de Dentro a ver o Pôr do Sol, temos a pequena vila para nós e passeamos pelas ruas empedradas originais e sentimos a magia do local.

Tudo bate certo com a ideia de uma pequena cidade colonial, desde o palácio do governo da ilha com a sua colunata seiscentista, até às palmeiras que o ladeia e a vegetação equatorial que envolve a igreja branca. É como se estivéssemos num cenário de um filme de época, só que aqui é real e portanto tem uns quantos táxis e buggis a passear nestas ruas e praças de empedrado irregular e muito antigo!



A VARANDA DE NORONHA

Depois do sol posto, voltamos à pousada e ao nosso vizinho Xica da Silva. Como este restaurante fica mesmo ao lado da nossa Pousada Alamoa, enquanto uns tomam banho, os outros estão no Xica a deleitar-se com cocktails e petiscos maravilhosos.

Depois desta fase pré jantar (e de uma breve sesta que o calor torna indispensável), rumamos então até ao restaurante escolhido desta noite: o Varanda de Noronha.

Localizado numa rua lamacenta do bairro da floresta nova, esta casa é um verdadeiro templo de estilo na ilha de Noronha. Com uma decoração rústica, mas sofisticada, um serviço descontraído e correcto, o nosso jantar torna-se absolutamente perfeito, quando percebemos a sofisticação da cozinha deste restaurante.

Fazendo parte da rede brasileira de restaurantes da boa lembrança, este restaurante vive na perfeição o espírito desta: servir e proporcionar pratos e momentos que deixam uma boa lembrança a quem por la passa. Assim quando provamos os Camarões da Boa Lembrança (camarões flambeados com puré de banana da terra com manteiga e queijo de coalho e cebola crocante) e o Gratinado de Frutos do Mar (que tem marisco e polvo feitos na perfeição envoltos num arroz com leite de coco e gratinado com crosta de pimentões e queijos) percebemos exactamente o que querem dizer com a boa lembrança: é que estes serão pratos verdadeiramente difíceis de esquecer.

Mas se tudo estava perfeito, no final, quando nos trazem o prato onde foram servidos os camarões e nos oferecem como lembrança da nossa passagem pelo Varanda de Noronha, tudo se torna absolutamente notável sublime!

A noite foi tão perfeita quanto o dia, e por isso decidimos ir descansar para nos prepararmos para mais um dia de Fernando de Noronha, que esperamos tão cheio de emoções quanto este!

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