GIRO AL NORTE | EM DIRETO - DIA 8





A FONDAZIONE PRADA

O dia de hoje amanheceu solarengo e nós acordámos cheios de energia, graças a uma noite tão bem passada no nosso excepcional J24 Hotel.

O dia de hoje vai ser bastante diferente do de ontem, pois em vez de andarmos pelos grandes clássicos da cidade de Milão, vamos-nos dedicar às mais recentes fundações de arte contemporânea da cidade. É por isso que quando acabamos de tomar o pequeno almoço no hotel (óptimo, por sinal), vamos para o metro e vamos até ao nosso primeiro destino de hoje: a Fondazione Prada. Chegamos à icónica Fondazione ainda bem pela manhãzinha, e isso permite-nos entrar sem qualquer fila (tal como tem acontecido em quase todos os monumentos e museus que visitámos).

A primeira nota que é necessário dar sobre esta instituição cultural milaneza é que o seu edifício é em si uma obra de arte. Da autoria do arquiteto holandês Rem Koolhas, este conjunto de construções foi totalmente intervencionado desde o seu antigo estado de destilaria, até uma das mais interessantes estruturas museológicas de Milão. Cada um dos vários edifícios foi recriado para os seus objectivos expositivos, tendo a Torre as exposições permanentes e os restantes exposições temporárias.

É neste belo e sublime ambiente arquitetónico que passamos toda a nossa manhã, pois não só gostamos de todas as exposições (umas mais que outras, claro, mas todas são boas), mas também nos deleitamos com a exploração do edifício, dos seus materiais, à sua espacialidade e, principalmente, aos seus detalhes e pormenores construtivos e arquitetónicos.




O ALMOÇO EM TORTONA E A DECEPÇÃO DO DIA

Depois de uma manhã em cheio na Fundazione Prada, voltamos a mudar de zona e vamos até à muito trendy e alternativa zona Tortona.

Nesta parte de Milão a profusão de galerias de arte, espaços de cowork e de cultura alternativa é bem maior do em todo o resto da cidade. E isso nota-se no ambiente urbano, nos cafés, nos restaurantes e em toda atmosfera. É aqui, num destes alternativos, mas muito cosy restaurantes que decidimos almoçar: no Fiore. Este restaurante é uma simples trattoria de bairro, com comida típica deliciosa e um serviço bastante familiar. Foi uma excelente escolha para o nosso almoço, pois incorpora os valores de descontração e modernidade do bairro, mas sem deixar de lado o perfil milanês e italiano.

Mas foi a seguir ao almoço que tivemos a grande decepção do dia: os Silos Armani estavam fechados. Esta estrutura expositiva pertença da muito conhecida marca milanesa, que expõe a coleção de arquivo da da marca, que se situa em pleno coração da zona Tortona, sem anúncio na internet ou razão aparente, estava fechada até ao final do mês de fevereiro. Ora tendo nós beneficiado de entrarmos em todos os monumentos e museus sem as imensas filas que caracterizam o turismo contemporâneo (e muito mais o turismo em Itália), também temos de dizer que vir fazer esta viagem na época baixa tem destes dissabores ... os museus aproveitam para fechar ou reformular as suas exposições e portanto alguns destes locais que queremos visitar, estão fechados.

Em alternativa tínhamos preparado uma visita ao vizinho MUDEC - Museu de Arte Contemporânea, mas este, também tinha a sua exposição permanente fechada, pelo que apenas conseguimos ver uma exposição temporária de fotografia (excepcional por sinal e dedicada à obra do fotógrafo italo americano Elliott Erwitt). Depois da impossibilidade de visitar as galerias Ufizzi em Florença, esta foi a segunda grande decepção da viagem, e tudo por estarmos em época baixa e com ma informação deficiente (pois nada explicavam nos sites das respetivas instituições).



O ESPECTACULAR HANGAR PIRELLI

Mas depois destas duas decepções seguimos caminho e rumamos ao nosso próximo ponto no programa - o Hangar Pirelli. Situado exactamente no lado oposto da cidade, levamos quase uma hora de transportes públicos a lá chegar desde Tortona, mas assim que chegamos percebemos que estamos numa instituição cultural completamente diferente das outras.

O Hangar Pirelli, não é mais do que a transformação da antiga fábrica da icónica marca de pneus, nu espaço de exposições. Mas, graças à dimensão dos edifícios e de estes serem hangares totalmente abertos no seu interior, possibilitam a instalação de obras de arte "site specific", como nenhum outro local que conhecemos no mundo.

Aqui a arte serve-se em escala descomuncal, com uma espectacularidade e uma qualidade igualmente grandes. A forma como vemos este Hangar Pirelli é nada mais nada menos do que passeando dentro das instalações, ou por baixo delas (quando elas estão suspensas no pé direito de mais de 15 m). É incrível e imperdível uma visita a este antigo hangar industrial, que agora se encontra transformado num dos mais avançados espaços culturais do mundo.






O FINAL DE DIA CONTEMPORÂNEO

É com a alma cheia deste espetacular dia de arte contemporânea que seguimos para o nosso aperitivo de hoje, e o local que escolhemos é a muito fashion l0 Corso Como.

Esta concept store junta não só moda e decoração como também livraria, espaço expositivo (onde estava uma excelente exposição de ilustração de moda dos anos 1990s) e com um requintado café. É aqui que decidimos tomar o nosso "apero" de hoje e foi um modernizado Spritz que tomámos. Claro que, como também aqui haviam saldos, não resistimos a ver o interior da loja e, claro, tivemos de trazer alguns dos objectos que estavam em grandes promoções.

Mas o final do nosso dia estava marcado para as 21.30h e era o nosso jantar. Se falarmos mundialmente de itália, este país pode ser sinónimo de boa gastronomia, e justificadamente. Como dissemos anteriormente neste travel journal, comer neste país é uma religião. Ora se nesta religião há uma coisa que se chama Chefs e muitos deles, em itália, têm estrelas Michelin no seu restaurante. Por isso decidimos não finalizar esta viagem sem uma refeição italiana preparada por um chef estrelado.

Assim, marcámos mesa num dos mais originais conceitos de restauração que temos visto ultimamente: o Identitá Golose Milano. Este restaurante tem na sua essência a rotatividade semana dos chefs responsáveis pela sua cozinha. Assim, esta semana os chefs responsáveis por deliciarem os sortudos convidados (entre os quais nós) sao a muito conceituada Valeria Piccini (tem duas estrelas michelin no seu restaurante Montemerano, em Grossetto) e o mais jovem Gentian Shehi. E bendita a hora em que fizemos esta marcação, pois foi um jantar absolutamente exímio: a sala e o ambiente é requintado, sem ser pretencioso ou snob, o serviço é exemplar, atento e combina o profissional de excepção com a simpatia e a cordialidade, e a comida, essa era de absuluta perfeição. O menú foi de degustação e teve 5 momentos que não se esquecem facilmente. Da entrada de peixe e alcachofras ao tiramisú desconstruído final, passando pela sinfonia de galinha, tudo estava absolutamente perfeito. Até o pairing com os vinhos foi incrível, pois foi feito com vinhos italianos e percorremos desde o espumante até ao vinho tinto, passando obviamente pelo branco e pelo rosé, e acabando com um cocktail.

Tudo foi estudado ao detalhe e a refeição foi sem dúvida digna das duas estrelas da maestrina convidada desta semana ... menos o preço, pois agradavelmente, neste Identitá Golose Milano é fixo e por toda esta sinfonia de sabores, digna dos melhores restaurantes italianos, o preço foi bastante económico. Claro que não foi um jantar barato, mas se considerarmos que estamos a deleitar-nos com a mestria de um dos melhores chefs de itália e do mundo, então este jantar nao foi de facto nada caro. E é assim que termina este nosso dia dedicado a uma Milão moderna, contemporânea e sofisticada ... na melhor nota gastronómica da viagem.

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