NOS TRILHOS DE VERA CRUZ | EM DIRETO - DIA 3


O ACORDAR DE PINHEIROS

Neste segundo dia de São Paulo, percebemos a tranquilidade que reina na Urban Guest House de Pinheiros.

A simplicidade da casa é contrabalançada com qualidade da sua decoração, a serenidade do ambiente que se vive no pequeno almoço (tomado na cozinha da casa que se abre para o páteo e jardim interno da casa) transformam-na no local perfeito para acordar na frenética e nervosa metrópole de Sampa (como lhe chamam os locais)

Foi assim que acordámos ppela primeira vez em São Paulo e nos preparámos para mais um dia recheado de grandes momentos. Se no dia anterior nos dedicámos a conhecer os locais icónicos da cidade - monumentos, mercado e restaurantes ou bares de samba - hoje o programa reserva-nos uma volta por esta que é a capital da arte no Brasil e na América do Sul.


UM MUSEU BRASILEIRO

Depois do acordar tranquilo rumamos ao nosso primeiro ponto do programa - a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi. Infelizmente, esta casa icónica do modernismo brasileiro estava encerrada (por ser fim de semana de Páscoa) e assim rumamos diretamente ao nosso segundo ponto no programa: a Pinacoteca de São Paulo.

Se a primeira fica no chic e elitista bairro de Paraisopolis, a segunda fica mesmo no centro, e quando chegamos deparamo-nos novamente com uma fila gigante para entrarmos. Mas se esta fila era grande, o motivo era porque neste sábado de aleluia a entrada era gratuita ara todos.

Quando entramos (depois de cerca de 45min de fila) encontramos um edifício do princípio do século totalmente intervencionado por um traço arquitetónico contemporâneo, invadido por obras que vão desde o início do século XIX à mais contemporânea arte interativa brasileira.

Foi uma manhã bem passada e recheada de bons momentos. Mas havia mais arte para o programa de hoje ... e para isso, chamámos um Uber (com muita dificuldade, diga-se pois os WiFis que deviam funcionar, são tudo menos regulares e de qualidade, pelo que esta simples tarefa leva um tempo infindável) e rumamos ao nosso ponto seguinte: o almoço



O RIO PAULISTA

Para almoço escolhemos um bar muito popular, com estilo e cozinha do rio de janeiro, mas em pleno coração do bairro paulista de jardins: o Piraja de Brigadeiro Faria de Lima.

Depois da cerimónia de darmos o nome e de esperarmos pela nossa mesa, voltamos a encontrar-nos num espaço absolutamente energizante, recheado de pessoas estimulantes e com um "cardápio" absolutamente incrível.

Assim, depois de nos deliciarmos com uns croquetes de carne (novamente irrepreensíveis), uns pasteis de carne deliciosos e uns bolinhos de arroz com recheio de camarão divinais, veio um Picadinho do Leblon e uma Carne Seca de Panela que não deixaram ninguém indiferentes, mas foi novamente nas sobremesas que tudo se tornou absolutamente mágico, com um pudim de caipirinha negra, que nos levou ao céu gastronómico com sabores brasileiros. A textura, o equilóbrio dos sabores e a presença discreta mas essencial da cachaça polverizada em vapor em plena mesa, fizeram desta uma sobremesa incontronável nesta nossa passagem por este popular, mas reconhecido bar de gastronomia carioca, em pleno coração paulista.


O WALTER E A LIÇÃO SOBRE ARTE INDÍGENA

Depois do maravilhoso almoço, voltamos para o nosso  bairro de Pinheiros e vamos até à única Amoa Konoya.

Esta é uma loja dedicada exclusivamente a arte indígena do brasil, que tem à frente um dos personagens mais incríveis que se pode conhecer: o inigualável Walter.

No meio desta autêntica "gruta do ali-bá-bá" recheada de obras de arte indígena, ficámos a conhecer um conjunto de tradições, técnicas e histórias das tribos brasileiras. Durante mais de duas horas e meia tivemos uma conversa pessoal e intransmissível com um dos maiores conhecedores mundiais de arte indígena, tendo provado um guaraná caseiro absolutamente delicioso, e tendo também ficado maravilhados com os absolutos desouros que recheavam esta pequena loja familiar de duas salas.

Foi mais um momento alto desta nossa viagem, que nunca iremos esquecer, pelas histórias que ouvimos, pelas obras de arte que vimos e pelas sensações que sentimos. Foi uma tarde enriquecedora a falar sobre arte e identidade brasileira que nos encerrou este dia e nos preparou para o momento seguinte ...




UM DOS MELHORES RESTAURANTES DO MUNDO

Voltados à nossa Casa em São Paulo, relaxados e já preparados saimos então para jantar no restaurante mais famoso de São Paulo: o D.O.M.

Orientado pelo conceituado Alex Atala, este restaurante do bairro de Jardins, especializou-se em recuperar tradições, ingredientes e técnicas de cozinha indígena trazendo-as para a alta cozinha brasileira. Num ambiente absolutamente exclusivo (ainda para mais que ficámos na sala privada do restaurante) sucedeu-se um menu de degustação que nos faz provar formiga tropical em bala de cachaça e ao natural, peixes do amazonas, ou mandioca feita em mais de 5 maneiras, ou até folhas amazónicas que nos alteram os sabores.

Este é um menu de uma mestria técnica e de uma pureza conceptual difícil para palatos menos habituados, mas que não deixa de ser unanimente aceite como um momento alto e especial para qualquer apreciador da alta gastronomia contemporânea.

Sim o D.O.M está classificado entre os 50 melhores restaurantes mundiais ... e não sendo consensual a sua abordagem gastronómica, é consensual o seu mérito e a sua qualidade!


O BECO DAS ARTES

Depois da alta cozinha paulista, juntámo-nos novamente ao nosso paulista preferido Marcelo Andrade, e fomos até um dos locais mais icónicos da cidade: o Beco do Batman.

Em São Paulo, a arte urbana tem uma presença muito grande, e a sua qualidade é indubitável. Embora esteja espalhada um pouco por toda a cidade, é no Beco do Batman que ela atinge o seu expoente máximo. Em pouco mais de 200m de rua secundária, os grafittis tornam-se na verdadeira arte efémera urbana que são.

Assim, foi de noite, com morcegos a voar sobre as nossas cabeças (literalmente) que fomos visitar este local tão misterioso quanto fascinante. Ainda bem que fomos à noite, pois estando bem iluminado permitiu ver bem as verdadeiras obras de arte que cobrem os muros traseiros das casas, mas ao mesmo tempo o escuro da noite acentuou o mistério e o fascínio deste beco tão peculiar e particular.

A arte urbana brasileira no seu apogeu também marcou presença neste dia que dedicámos às artes de São Paulo e em São Paulo.



O DESIGN DAS NOVAS CATACUMBAS

Mas a noite não poderia acabar sem irmos até um bar, dos mais recentes da cidade, e com uma arquitetura e design contemporâneos únicos: o Bar dos Arcos.

Situado nas caves do fabuloso Teatro Municipal de São Paulo, este bar tem na sua sala e nas suas mesas de luz um dos seus trunfos mais espectaculares. O espaço é absolutamente mágico, o mobiliário é de uma dimensão artistica inquestionável mas é na sofisticada carta de cocktails, no mais contemporâneo jazz brasileiro e internacional que está a chave do successo desta casa.

Depois de um dia dedicado a momentos artisticos tão diferentes (as artes plásticas na Pinacoteca, as artes indígenas na Amoa Konoya e as artes gastronómicas no D.O.M. e as artes urbanas do Beco do Batman), este foi o pináculo da sofisticação perfeito para encerrar um dia artistico na capital da arte da America do Sul.

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