GASTRO FRANCE | EM DIRETO - DIA 3


Depois de mais uma noite bem passada, naquele que já começa a ser o nosso Château, descemos novamente para o pequeno almoço e descobrimos que, depois de um dia relativamente cinzento e com alguns aguaceiros, como o de ontem, hoje o dia está com um sol franco e generoso.

A casa de jantar onde tomamos o pequeno almoço transforma-se com toda a luz que entra pelas enormes janelas, e tudo ganha novas cores. É um acordar maravilhoso, que nos dá logo uma boa disposição para irmos de novo para a estrada para as visitas do dia de hoje.

Se ontem o dia foi dedicado ao vale do Loire, aos seus famosos castelos e a algumas das suas iguarias, hoje vamos descer um pouco e vamos para as duas regiões vinhateiras vizinhas. Por isso os quilómetros hoje são um pouco mais, e o tempo de carro também, por isso a alvorada hoje faz-se bem mais cedo do que ontem. É com Sol, e bem cedo que nos fazemos à estrada.


Apesar de termos comprado todos os bilhetes de visitas online, houve alguns locais que não só não tinham disponível a venda online, como ainda por cima não responderam às nossas solicitações por email em tempo útil ... e foi o caso da nossa primeira paragem: as caves do Marquis de Vauban.

Localizada na zona mais a norte da região demarcada dos vinhos de Bordéus, esta casa produtora do mais famoso vinho do mundo (o Vinho de Bordéus), foi o nosso primeiro destino do dia. Aqui o nosso plano era visitar as caves e fazer uma prova de vinhos, antes de almoço. Mas infelizmente não foi possível tal visita. É que sem informação definida no website em termos de horários, e sem resposta em tempo útil aos nossos emails, quando chegámos descobrimos que estas caves fazem apenas duas visitas por dia (uma às 11h da manhã e outra às 15.30h), e nenhuma era à hora que pretendíamos (ao meio dia, que foi quando chegámos).

Assim, foi com muita pena que tivemos a primeira desilusão desta viagem (também não foram muitas ...), mas conformados, e com umas garrafas já na bagageira, lá seguimos viagem até à vizinha cidade de Blaye.




Quando chegamos a Blaye, dirigimo-nos para o restaurante que tínhamos seleccionado, mas, apesar de serem 13.00h já não nos aceitaram, pois, como nos perguntaram logo à entrada - "Têm reserva?" ... e como não tínhamos, não tivemos oportunidade de almoçar lá.

Assim, fomos até à monumental cidadela da cidade em busca de um restaurante que nos aceitasse servir o almoço. Sim, na Fraça de hoje em dia, e fora de Paris ou das grandes cidades (como Lyon, ou a Marselha), as refeições têm hora marcada e convém reservar. Assim, a título de dica para os nossos leitores, e para não terem os mesmos desaires que nós, convém marcar sempre o restaurante, por mais pequena que seja a terra onde este esteja e o almoço é servido entre as 12h e as 13.30h (com as cozinhas a fecharem às 14h), e o jantar entre as 19h e as 20.30 (com as cozinhas a fechar às 21h). Isto é uma regra que serve para todo o país e para toda esta viagem, como percebemos no dia de hoje.

Foi por mera sorte (ou já um olhar treinado de tantas viagens) que acabámos no simpático e muito bem localizado Le Petit Canon. Em plena Praça de Armas da Cidadela, este restaurante aceitou-nos às 13.50h e serviu-nos um almoço delicioso. Mas foi a sobremesa que brilhou com um pequeno e muito tradicional Mollet (em tamanho indivitual) mas desta vez recheado de um Chantilly de chocolate e acompanhado com um creme de avelãs e chocolate caseiro. Depois da dificuldade que tivemos em encontrar um sitio para almoçar, e depois do desaire que tivemos com as caves dos vinhos de Bordéus, o dia compôs-se com um almoço num local lindíssimo, com um serviço super simpático e uma sobremesa absolutamente surpreendente!



Mas depois da divinal sobremesa, o que nós programámos para hoje foi um verdadeiro digestivo ... e assim sendo metemo-nos à estrada e rumámos até à vizinha e mundialmente conhecida Cognac.

Aqui, já com bilhetes reservados e comprados online (e foi o que nos valeu, pois quando chegámos, as visitas desse dia já estavam esgotadas), fizemos então uma visita às caves da mundialmente famosa Henessy. Antes de prosseguir com o relato do dia, temos de fazer uma ressalva: como os nossos leitores mais atentos já sabem, não somos propriamente novos nisto das visitas às caves ... desde os vinhos do porto em pleno vale do Douro ou em Gaia, aos wiskeys na Escócia, já foram muitas as caves que visitámos ... por isso podemos afirmar com propriedade: estas visitas às caves da primeira das marcas bandeira do maior grupo de luxo do mundo - o LVMH, sendo o H de Henessy - é verdadeiramente espetacular.

À hora marcada uma guia aproxima-se do nosso grupo e pergunta se podemos começar a visita e se todos os que marcaram prova no final bebem Cognac ou se preferem fazer uma prova não alcoólica (claro que numa vista às caves de Cognac, esta pode parecer uma pergunta menos pertinente, mas não o é, pois pode haver acompanhantes de amantes de Cognac, que não gostem desta mítica bebida francesa, e como tal, desta forma, muito civilizadamente, não são excluídos desta actividade da visita). Depois de esclarecido quantas pessoas não querem provar o Cognac, saímos do moderno edifício da recepção, atravessamos a rua e entremos num barco onde terá início formal a nossa visita.



Depois de um passeio no rio Charente, durante o qual a nossa simpática guia nos explica a história da cidade e a forma como ela está ligada à icónica aguardente vínica, o barco leva-nos até às adegas da Henessy (a maior e mais conhecida marca de Cognac em todo o mundo).

Este é um local idílico, em que os históricos edifícios onde ainda hoje se envelhecem os míticos cognacs, estão misturados com uma natureza deslumbrante, e repleta de cores e perfumes. Entramos no primeiro dos angares e percebemos que a primeira parte da visita vai ser num ambiente moderno e muito sofisticado. Aqui, por meio de uns audiovisuais absolutamente perfeitos e espetacularmente surpreendentes, e de um guião de visita irrepreensível, ficamos a perceber, a história da casa Henessy, o que é o Cognac e como se faz na casa Henessy e como se bebeu e bebe actualmente o Cognac ao longo dos vários países e continentes onde está presente. Mas depois de um excepcionalmente bom espectáculo de audiovisuais e tecnologia, saímos do angar onde estamoe e vamos até às adegas de envelheciemnto propriamente ditas ... e toda a magia deste nectar que acumula centenas de anos de sabedoria na sua produção e afinação se revela perante os nossos sentidos. É uma visita absolutamente mágica esta e que nos deixa totalmente apaixonados por esta requintada e sofisticada bebida.

Ora depois desta visita exemplar e perfeita, voltamos ao barco, que nos leva de volta ao centro de visitas, onde vamos fazer então as provas de Cognac. E aqui a surpresa continua, pois não só nos dão a provar vários tipos de Cognac (um mais novo e outro mais velho), como também nos dão a provar esta bebida com gelo e em cocktail, dando assim uma nova roupagem a esta aguardente vínica e criando assim uma imagem e uma oportunidade de consumo muito mais suave e delicada, desta bebida absolutamente deliciosa. Resultado final? Mesmo quem não aprecia aguardente, com as novas formas de consumo que foram apresentadas, acaba por perceber que afinal gosta de Cognac e que este em um consumo muito mais leve e moderno do que pensava. Quando terminamos na loja, obviamente que só nos apetece comprar tudo ... e claro aplaudir a excelência de visita que acabámos de ter!



Se o dia começou com uma visita que não aconteceu, vai terminar ainda em melhor, pois logo a seguir a Cognac, seguimos até à icónica La Rochelle, onde vamos jantar uma das iguarias mais francesas: ostras.

Assim, e depois de mais uma vez sermos recusados no restaurante que seleccionámos por não termos reserva, procurámos no centro de La Rochelle e encontrámos um discreto, mas muito concorrido Bar à Huîtres: o Le Comptoir Saoufé. É neste pequeno e discreto local que nos sentamos até o sol se pôr, degustando umas sopas de peixe e de caranguejo absolutamente deliciosas, e claro, experimentando as várias modalidades de ostras que fazem parte do menú, e tudo acompanhado por um perfeito Vinho de Bordéus!

Depois de tal repasto, vamos então dar uma volta no Porto de La Rochelle (que fica mesmo ao final da rua) e só depois de um passeio longo e muito calmo e relaxante é que voltamos ao nosso Château do Vale do Loire, para uma última noite nesta residência digna de histórias encantadas!

0 Reality Comments: