2 ILHAS E 1 IMPÉRIO | EM DIRETO - DIA 4

08:00 O FERRY DA MANHÃ

Foi bem cedo que hoje acordámos e saímos de casa pois, devido às mudanças drásticas do tempo que ontem se previam, e hoje se concretizaram, tivemos de modificar o plano desta viagem e assim apanhar o primeiro ferry do dia para outra ilha: a ilha de São Jorge.

Os ferrys partem de um terminal situado mesmo no porto da Horta e ligam esta cidade várias vezes por dia às ilhas de São Jorge e do Pico. Por causa do mau tempo que se vai fazer sentir hoje e amanhã, decidimos ir hoje à ilha de São Jorge e amanhã à ilha do Pico.

Assim foi a nossa manhã, acordar, tomar um pequeno almoço reforçado e ir para este novo terminal para uma travessia calma de 1h40m até à verdejante ilha de São Jorge.

11:00 A PONTA DOS ROSAIS

Depois de desembarcarmos na maior povoação da Ilha de São Jorge, a vila de Velas, dirigimos-nos logo para o nosso primeiro ponto de visita desta nossa estadia na ilha: a Ponta dos Rosais.

Situada na ponta ocidental da ilha, esta ponta tem no seu farol, novamente em ruínas o seu ponto forte de interesse.

Mas por causa do mau tempo que se fez sentir hoje durante o dia em toda a ilha de São Jorge, o caminho até esta ponta da ilha foi ligeiramente difícil ... ou pelo menos pensávamos nós, pois mais à frente no dia, iríamos perceber que estas condições que encontrámos na ponta ocidental - ventos super fortes e rajadas de chuva - seriam as melhores do dia.





13:00 NO MEIO DAS NUVENS A CAMINHO DA TABERNA

Quando saímos da Ponta dos Rosais não adivinhávamos que a caminho do nosso almoço, iríamos circular exactamente no meio de uma constante nuvem. Sim, leram bem, no meio de uma nuvem.

Depois de cruzarmos o desvio da estrada que cruza a ilha para Velas, começamos a subir ao topo da ilha e assim que lá chegamos o nevoeiro, a chuva e os ventos tornam-se bastante fortes, ao ponto de nos fazer diminuir a nossa velocidade ao ponto de demorar mais do dobro do tempo que tínhamos previsto para chegar ao nosso local de almoço.

A visibilidade da estrada estava reduzida a menos de 5 m, os ventos eram tão fortes que a própria nuvem em que estávamos envoltos se transformava em remoinhos à nossa volta, a chuva batia tão forte nos vidros do carro que pareciam pequenas pedras de granizo (mas eram apenas gotas de chuva aceleradas pelo vento) e o carro abanava todo e fugia na estrada sinuosa.

Sim chegar à Taberna Águeda foi uma aventura, mas depois de descermos do topo da ilha até à Fajã de São João, o tempo melhorou significativamente, pois apenas tínhamos uma leve chuva, e nada nem de vento, nem de nevoeiro. Foi neste contexto que descemos por uma sinuosa estrada até à nossa primeira Fajã do dia, e que percebemos a beleza destes locais mágicos da ilha de São Jorge.

Uma nota merecida para a simpatia e a qualidade da comida na humilde, mas muito acolhedora e autêntica Taberna Águeda, onde comemos uma bifana temperada em vinha de alhos e uma linguiça picante deliciosas.



14:30 AS DELÍCIAS DA ILHA VERDE

Depois de um delicioso e reparador almoço na autêntica Taberna Águeda da Fajã de São João, voltamos a subir para a nuvem que ainda estava instalada no topo da ilha, e dirigimos-nos para uma das principais cooperativas de lacticínios da ilha para conseguir comprar o famoso Queijo da Ilha: a Cooperativa de Lacticínios de Lourais. Claro que aqui chegados não resistimos e trazemos queijos de todas as curas existentes na loja, pois são todos absolutamente irresistíveis.

Mas a viagem gourmet pela ilha de São Jorge não acabou por aqui, pois a próxima paragem foi no café Nunes, em plena Fajá dos Vimes. Aqui ficamos a conhecer não só o mítico café, como os seus donos e aquilo que o torna tão especial: a sua plantação de café, que é a mais antiga da Europa ainda em actividade. Todas as explicações são-nos dadas pela dona da casa, enquanto o simpático Sr. Nunes nos serve deliciosos e muito especiais expressos a acompanhar umas das últimas especialidades da casa: as deliciosas queijadas de Café e de Inhame, feitas com os produtos cultivados na propriedade do próprio café.

Esta experiência é absolutamente única, pois ficamos a perceber não só a história da plantação (com pés de café centenários e com mais de 5 m de altura), mas também toda a história do próprio café, bem como alguns dos novos projetos que a família Nunes está a criar para potenciar toda a economia da fajá e da ilha.

Mas a volta gastronómica não acaba aqui, pois um pouco mais acima e mais perto de Velas, chegamos à nossa próxima paragem: a Dulçores. Esta padaria é um dos segredos mais bem guardados, mas tem uns biscoitos e uns bolos feitos com especiarias que são absolutamente deliciosos: chama-se as espécies. Estas delicias de São Jorge são um dos elementos que deveriam ser obrigatórios provar para todos os apreciadores de biscoitos tradicionais e desconhecidos, pois são absolutamente únicos e incrivelmente bem feitos.


23:00 DE VOLTA A VELAS E O JANTAR ANTES DO REGRESSO

Depois de uma tarde inteira a descobrir as delicias desconhecidas e absolutamente únicas da gastronomia da ilha de São Jorge, regressámos ao nosso ponto de partida nesta ilha: a vila de Velas.

Na sua quietude e pacatez, esta é a principal povoação da ilha e é um misto de pituresca e ponto de passagem turístico. Alguns dos seus pontos mais interessantes são o Jardim da República com o seu coreto absolutamente digno que qualquer cenário de um filme ou série de televisão, e a Igreja da Sé. Tirando estes dois espaços, é o cenário da ilha verde alta e imponente que cria todo um cenário absolutamente deslumbrante, tal como o fez ao longo de todo o dia, quer na severidade do seu clima, quer na magnitude do espectáculo visual que proporciona.

Porque ainda hoje regressámos ao Faial antes de voltarmos ao ferry, decidimos ir até ao central restaurante Açor e provar algumas das suas propostas no menú ... e que bem que fizemos. As lapas grelhadas eram ainda melhores que as do Genuíno da véspera, a tábua de queijos e enchidos era absolutamente perfeita, quer em qualidade, quer em variedade, quer em quantidade, e o bife da vazia que veio, foi a rendição final a um restaurante simples, mas com uma cozinha autêntica e forte, que merece toda a nossa atenção, destaque e aplauso.

Para último, ficou a última emoção do dia: a turbulenta viagem de ferry de volta ao Faial. Durante 1h40m, entre Velas e a Horta, foi uma aventura entre o ferry e as ondas, que mais parecia uma luta entre o barco e os elementos marítimos, tendo algumas delas conseguido subir acima do barco e molhar tudo e todos os que se encontravam no deck 3 (o mais alto do barco onde estivemos durante toda a viagem). Foi uma volta ao Faial com aventura e alguma adrenalina, mas que nos mostrou que, mesmo em pleno verão, estamos no centro do Oceano Atlântico, com toda a sua fúria e potência.

Assim, meio molhados, voltamos a esse secreto recanto de bom gosto, sofisticação simples e e tranquilidade que são os apartamentos  Porto Pim Bay e prontos para descansar até voltamos ao ferry amanhã de manhã, para rumarmos a uma nova ilha ... o Pico.

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