Depois de anos de cosmopolitismo e exagerações, São Paulo está começando a olhar com bons olhos a sua descentralização.
Com tanto trânsito e dificuldades para se deslocar, o paulistano está a encontrar verdadeiros tesouros nos seus bairros e a converter a sua vizinhança em pequenos centros de ócio.
É o caso do Gogó da Ema (R. José Janarelli, 261, Jardim Guedala, São Paulo - Tel: (11) 3721-2777), um bar agradável onde se come (e bebe) muito bem, que tem serviço cinco estrelas e que não custa caro.
Diz a lenda que o bar "surgiu na década de 50 como um empório de secos e molhados e que agora se tornou em ponto de encontro do bairro Jardim Guedala".
Vou ser sincero: morei de 1980 a 1994 na rua de baixo e não tenho a mais pequena memória deste lugar tal como é descrito. O bairro chama-se Caxingui e não Jardim Guedala (hoje sinónimo de bairro caro e sofisticado) e era, e ainda é, um bairro de classe média trabalhadora ao pé da Avenida Francisco Morato, rota de camiões e ônibus provenientes da periferia. O dito local era o "boteco da esquina" que atraía os mais diversos tipos de pessoas que circulavam por suas ruas feias e tristes.
Só que nada disso tira o interesse do "Gogó". Ao contrário!
Numa pequena casa de esquina, com janelas para a rua, o bar tem um ambiente amplo, descontraído e tranquilo.
Ao entrar vemos "de cara" que o forte do bar são suas cachaças. Há 567 rótulos de aguardente das mais variadas regiões do Brasil, expostas em prateleiras que ocupam todo o local. Degustar todas pode custar caro à saúde. Ao bolso nem tanto: em média uma dose custa uns R$ 4.
Mas na verdadeira vocação do Gogó da Ema vai muito além das aparências: tanto a cozinha como o bar são tratados com cuidado especial. Para começar, a carta de caipirinhas é das melhores da cidade (sem a menor dúvida). A "São Marcos" feita de limão, menta, pimenta vermelha e rapadura é um dos melhores cocktails servidos na cidade. Outras quantas criações feitas a partir de 3 ingredientes dão um colorido especial ao menu de bebidas que também oferece diferentes tipos de cerveja e outros destilados.
Mas como "saco vazio não para em pé", é melhor comer ... O Gogó da Ema já participou diversas vezes do campeonato de comidas de bar "Boteco Bohemia" e sempre apresenta grandes surpresas: a cebola ao estilo australiano é um dos seus grandes destaques.
Mas para quem quiser provar a verdadeira especialidade da casa, a grande "pedida" é qualquer uma das variedades de Escondidinho (ou empadão, como se diz em potuguês de Portugal). O de carne seca é um verdadeiro espetáculo e serve duas ou três pessoas.
Tudo isto na simpática presença do "Seu" Campos, capitão do "time de excelentes garçons" que está sempre atento a qualquer movimento dos fregueses.
Para se ter uma ideia, a preocupação é tanta, que não é raro ver aos donos do Gogó a andar de mesa em mesa a perguntar se o serviço "está correto?". Um trato pessoal que faz com que todos se sintam em casa.
Aqui fica um dos melhores exemplos da qualidade do novo São Paulo. O São Paulo Cosmopolita e Hi-Fashion agora enfrenta um cada vez maior São Paulo dos bairros, autêntico, amigavél e muito próximo do ser humado.
São Paulo mexe de muitas formas ... e esta é uma das boas e autênticas!
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