UMA INCERTEZA VIVA QUE NASCE NA BIENAL


Serralves volta a surpreender e recebe uma exposição fora do comum: cinco estruturas temporárias expostas nos terrenos da Fundação, que exploram as ansiedades da sociedade e como estas são retratadas através da arte contemporânea. "Incerteza Viva" nasceu a partir da 32ª Bienal de São Paulo, e para a construção desta exposição, 5 ateliers e jovens arquitectos portuenses foram desafiados a construir pavilhões. depA, Diogo Aguiar Studio, Fahr, Fala Atelier e Ottotto, construíram as estruturas que recebem as obras de Gabriel Abrantes, Jeremy Deller/Cecília Bengolea, Priscila Fernandes, Barbara Wagner/Benjamim de Burca e Jonathas de Andrade.

Pavilhão Diogo Aguiar Studio com imagens de Fernando Guerra
O pavilhão de Diogo Aguiar desenvolve-se a partir da criação de dois espaços concêntricos com funções distintas: o espaço intersticial e o espaço central. A espacialidade cilíndrica enfatiza a centralidade da obra a expor, que assume uma importância crucial no desenho do espaço. Esta é reforçada pela anulação de uma entrada principal em prol de uma segunda fachada, exterior, permeável a partir de três pontos que dividem a entrada no pavilhão pela sua periferia, potenciando diferentes acessos e relações com o Jardim de Serralves.

Pavilhão Diogo Aguiar Studio com imagens de Fernando Guerra

Teresa Otto (Ottotto), desenvolveu um misterioso cubo que por fora é monumental, industrial, por dentro macio, abstrato. Os finos cortes desafiam a estrutura do cubo e dão ao pavilhão subtileza apesar das suas dimensões. O revestimento a chapa ondulada envelhecida evoca as cortinas de cinema ou teatro, com a sua ondulação e o seu tom vermelho mas ao mesmo tempo o pavilhão poderia ser confundido com um pequeno armazém desde sempre implantado no jardim. Os elementos naturais como o chão de relva, algumas pedras que servem de bancos e os rasgos que deixam antever pequenos pedaços de céu e terra contrastam com a materialidade quase excessiva da construção e desse contraste surge um espaço soturno que confronta o homem e a natureza.

Pavilhão Ottotto com imagens de Inês D'Orey

O atelier Fala apresenta o "Folly", uma estrutura racional que encerra um volume cúbico. A métrica dos elementos de madeira encontra um desacerto nas proporções dos vãos e no uso das cores. "Folly" (em inglês, "loucura", "disparate"), é um edifício extravagante, frívolo ou irreal, pensado mais como expressão artística do que por razões funcionais.

Pavilhão Fala Atelier com imagens de Ricardo Loureiro

Pavilhão Fala Atelier com imagens de Ricardo Loureiro
A FAHR propõe uma peça ligeira que não interfere com a leitura do jardim, mas destaca-se como um objecto arquitectónico, criando um momento diferente na vivência do espaço. A proposta passa pela exploração de uma forma que estuda a aproximação à obra artística, relacionando o contexto onde se insere com o conteúdo da obra exposta. A luz, o percurso, a curiosidade e a procura pela descoberta são os elementos trabalhados nesta proposta e convivem numa peça que não se sobrepõe à obra de arte mas, pelo contrário, a enaltece.

Pavilhão de FAHR com imagens de José Campos

Pavilhão de FAHR com imagens de José Campos
Last but no least, a DepA apresentou uma proposta que está a apaixonar os visitantes. Referenciando diretamente o design e a paisagem natural de Serralves no seu pavilhão, que fica adjacente a um dos lagos do parque, deram à estrutura uma forma poligonal, que faz eco da série de janelas angulares do museu. O Pavilhão, coberto por um material semelhante ao espelho, reflete a folhagem circundante, criando um mistério, uma beleza e uma paz simplesmente inigualável.

Pavilhão de DepA com imagens de José Campos

Pavilhão de DepA com imagens de José Campos

Pavilhão de DepA com imagens de José Campos

Até 18 de Fevereiro, visite a Fundação Serralves e não perca a oportunidade de passear pela "Incerteza Viva".

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