Em honra da nova colaboração do … And This is Reality para o blogue da Benetton, uma grande responsabilidade que abraçámos com muito orgulho, fomos conhecer uma das pessoas por detrás deste gigante da moda.
O seu nome é Sam Baron, natural de França mas divide a sua vida por Lisboa, Paris e Treviso, em Itália, as suas cidades de eleição que não trocaria por nenhum outro sítio no mundo.
Tem 35 anos e é licenciado na Faculdade Beaux Arts de Saint Étienne e na École Nationale des Arts Décoratifs de Paris. Entre os seus interesses conta-se visitar museus e (vivendo em Lisboa não poderia deixar de ser) correr na marginal!
Sam Baron é o actual director de design da Fabrica da Benetton … e o que é a Fabrica? E o que fazem? Bem basta ler a entrevista para descobrir …
Primeiro um pouco sobre Sam Baron. Podemos ouvir uma pequena discrição sobre si por palavras suas?
Sou designer e director criativo. Trabalho na área de objecto e do espaço e também faço ‘’brand consulting’’ para ajudar a criar uma visão mais apropriada. A minha profissão principal é contar uma história através de um objecto ou uma experiência que as pessoas terão enquanto estão dentro de um espaço e também fazer com que se reconheçam numa marca que lhes fornece um produto ou um serviço com alma.
E qual foi o caminho até Director do Departamento de Design da Fabrica?
Durante os meus estudos, comecei a trabalhar muito cedo, como assistente em várias agências de design. Por isso depois de ter terminado a licenciatura já estava ‘’pronto’’ para criar pequenos produtos de design. Pouco a pouco fui fazendo mais e maiores projectos. Em 2001 vim para Portugal para visitar a Experimenta onde descobri o espaço Fabrica Features e vi um anúncio que dizia ‘’estamos à procura de talentos’’.
Enviei o meu portfólio e entrei, depois de um período experimental de duas semanas em Treviso em Abril de 2003. Um ano depois voltei para Paris/Lisboa para continuar a trabalhar com os meus clientes, até que em 2006 a Fabrica convidou-me para o cargo de director de design consultante.
Muitos não conhecem “a Fabrica”. Nada mais esclarecedor do que uma explicação do seu director de design … a Fabrica é?
Um centro de pesquisa onde jovens criativos com menos de 25 anos podem experimentar e confrontar-se. Na Fabrica os jovens têm a oportunidade de enfrentar tanto projectos conceptuais, como projectos comerciais, estimulando um desenvolvimento e um crescimento pessoal. Traviso é uma localidade incrível, uma antiga aldeia que foi expandida pelo arquitecto japonês Tadao Ando.
Investigamos áreas como o vídeo, a música, o design gráfico, o design interactivo, os editoriais, a fotografia e o design 3D.
Com um cargo com esta responsabilidade, resta-lhe algum tempo para os seus próprios projectos?
Sim, depois de ao longo de dois anos ter dado o impulso e as indicações necessárias, o departamento de Design da Fabrica tem uma linguagem coerente e imediatamente reconhecível pela sua riqueza e evolução contínua: temos confiança de muitas marcas que nos encomendam projectos com regularidade e também estamos a trabalhar para novas abordagens possíveis de serem absorvidas pelo público internacional, exemplo disso são os projectos ‘’next cabane’’ ou ‘’colors collector’’ que continuam a viajar pelo mundo em museus ou feiras.
Os meus clientes pessoais ligam por diferentes razões e tornam as coisas muito mais fáceis porque querem um ‘’designer francês com visão internacional’’. Nestes casos sou eu e a minha equipa que respondemos a estas encomendas, que poderão ser uma montra (Vuitton, Sisley), produtos (Ligne Roset, L’Abbate) ou peças especiais para galerias e museus (Secondome, Musée des Arts Décoratifs de Paris, Cristina Garjales)
Estando com uma marca tão reconhecida pela sua irreverência e originalidade, é difícil conseguir ultrapassar-se repetidamente? Ou as ideias fluem naturalmente?
Penso que desde que saibas em que é que consiste a tua linguagem e mantenhas uma certa frescura, ritmo intenso e espírito aberto, consegues facilmente ‘’responder’’ aos desafios que te propõem tendo em consideração a forma como o mundo está a evoluir.
E por falar em irreverência e originalidade, a campanha Unhate foi uma das mais memoráveis de 2011 … o que achou desta mensagem?
A Benetton é feita de cores, lã/algodão e mensagens. Portanto vamos admitir que apenas uma marca ‘’verde’’ pode exercer este tipo de comunicação. Gostei muito da forma como as imagens foram tratadas e a estética escolhida pelos criativos envolvidos nesta campanha. Gosto muito do facto de alguém propor nos dias que correm uma fundação Unhate=Peace. Acho que é uma ideia muito positiva que nos relembra todos os valores fundamentais que podem contribuir para um mundo melhor.
O que podemos esperar do designer Sam Baron (e não de Sam Baron, director de design da Fabrica) em 2012?
Na próxima edição de ‘’Maison et Objet’’ que decorrerá já durante a próxima semana em Paris, poderão descobrir novas peças para a Ligne Roset. Em Milão alguns italianos vão apresentar propostas confortáveis e produtos surpreendentes. Em Portugal, Vista Alegre @ Atlantis, vai incluir peças da minha nova colecção de mesa como elementos decorativos nas suas lojas e planeia-se também um novo espaço para comer e beber que será eventualmente desenhado por mim. Em princípio Nova Iorque também estará no mapa para acolher uma exposição ‘’especial’’.
Sabemos que divide a sua vida entre aviões, Itália e Portugal, e que já participou em projectos com grandes marcas Portuguesas como a Vista Alegre. Que observações faz do design Português?
O design português ainda tem muito para dar. Existem grandes talentos e incríveis ‘’know-hows’’. É uma questão de arriscar, expor-se e tornar-se parte da comunidade de design internacional, onde está claro por vezes é necessário lutar! Para as marcas é bastante complicado colocar muitos produtos novos no mercado por causa da sua condição financeira, mas acredito que mais qualidade e menos quantidade do design poderá ser uma possível solução. Historicamente a criatividade foi sempre mais forte nos momentos difíceis como aquele que atravessamos agora: pessoas fortes e criativas poderão trazer novas soluções que se tornarão padrões no futuro.
E dos designers Portugueses … algum que tenha debaixo de olho?
A maioria dos designers em Portugal são um pouco discretos, no entanto aqueles que optaram por um caminho internacional estão a ter um percurso muito interessante como por exemplo o Gonçalo Campos e a Catarina Carreiras.
E para acabar a nossa pergunta obrigatória – LifeStyle é?
Uma forma de conglomerar pessoas, objectos e visões, criando um conjunto de valores que as pessoas possam partilhar aproveitando o melhor da vida!
MUITO OBRIGADO
Merci à Vous!
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