REALITY PROFILE | CARLES SANTAMARÍA E PERE PÉREZ


Com o lançamento “Rock Rivers”, a banda desenhada que vai acompanhar o Rock in Rio todos os sábados no Diário de Notícias, o … And This is Reality não podia deixar de conhecer um pouco mais das pessoas por detrás deste projecto …

Foi por isso que para o Reality Profile de Abril, fomos conhecer Carles Santamaría e Pere Pérez. Carles, mais experiente no mundo da BD, jornalista e guionista desde os anos ’80, e Pere, um jovem em ascensão que não para de surpreender com as suas ilustrações – uma dupla improvável, que gostámos muito de conhecer, e esperemos que gostem também!


Para começar, e para vos conhecer um pouco, podem-nos descrever um pouco do vosso percurso pelo mundo da Banda-Desenhada?
Pere: Comecei a desenhar histórias para a Penthouse de Espanha, e a partir daí arranjei pequenos projectos por Espanha que me levaram ao mercado dos Americano. Desenho super-heróis para os Estados Unidos à cerca de 5 ou 6 anos … o principal tem sido o Super-Homem, para a DC Comics.
Carles: Bem … eu já estou ligado ao mundo da Banda-Desenhada há 30 anos, pois sou jornalista e também argumentista. Comecei esta ligação no final dos anos 80, onde escrevia artigos para o El País sobre banda-desenhada. Nos anos 90 fui director do Salão Internacional de Banda-Desenhada de Barcelona durante duas edições, cargo que voltei a ocupar em 2005, e onde ainda estou. À parte disse também tenho escrito algumas novelas gráficas nos últimos anos, sobretudo aventuras. E claro, quando surgiu a oportunidade de trabalhar com um projecto destes, não hesitei.

E foi o Rock in Rio que vos contactou para este projecto, ou foi uma ideia que também partiu da Vossa parte?
Carles: Não … Um dia simplesmente recebi uma chamada, onde o Roberto (Medina) me explicou que queria fazer uma BD. Eu perguntei “uma BD sobre o Rock in Rio..? Ou sobre os concertos..?”, mas ele não queria isso. Não queria uma BD sobre o festival, simplesmente uma BD sobre aventuras que tivesse como cenário o Rock in Rio e pelas cidades por onde este passa. Escrevi-lhe um primeiro guião que ele gostou, e a partir daí começamos a trabalhar em “Rock Rivers”. Contactei com o Pere, para ele dar a sua opinião de que tipo de ilustração ficaria bem num trabalho como este, e como o Roberto gostou do trabalho de Pere ele entrou também para o projecto, e daí foi sempre a trabalhar.

Ah … então o Pere entra neste projecto através do Carles?
Carles: Sim, sim! Eu pus-me a pensar “então quem pode ajudar-me nisto..? Quem me tem acompanhado nos últimos projectos..?”. E lembrei-me logo de Pere. Como viajamos juntos nos últimos tempos, para os Estados Unidos e depois para França, e como somos parecidos nalgumas coisas, partilhamos o mesmo sentido de humor e gostamos das mesmas “tonteiras”, tive logo o “feeling” que o Pere era a pessoa certa.

E agora um pouco mais sobre a BD … Já sabemos que o Roberto Medina é uma das personagens … mas vamos encontrar mais alguma cara conhecida em “Rock Rivers”?
Pere: Já temos algumas ideias nesse sentido mas ainda não as podemos revelar. Provavelmente em futuros enredos, mas por enquanto não podemos dizer …
Carles: Roberto, apesar de ser um personagem muito presente, é um personagem algo que secundário, pois como que reúne tudo o que se está a passar … mas realmente não sabe o que se está a passar. Mas no fundo é o centro, e o motivo de toda a história.

Portanto … está sempre no meio da história, mas nunca sabe muito bem o que se passa?
Pere: Não é bem isso … Simplesmente é um personagem muito inocente, que está entretido a montar o seu festival, e não sabe que os personagens que o rodeio têm os seus próprios planos.

E o vilão “Halvansinger”, é inspirado em alguma estrela Metal conhecida?
Pere: Sim… A ideia inicial era fazer um personagem estilo Kiss, e a partir daí peguei no conceito e inspirei-me um pouco num vocalista de Back Metal Norueguês, que tem este tipo de estética. Mas não só … a personagem é fruto de inspiração em pormenores de várias bandas de Black Metal.

E o estilo que escolheram para a BD é mais agente secreto … mais ao estilo de James Bond. Porque não pôr Super-Poderes nas personagens?
Carles: Pois … escolhemos este formato pois o género de super-heróis é muito especial, muito próprio. Eu pessoalmente, gosto mais do género de aventuras porque é sempre mais realista … faz com que tenhas muito mais cuidado com os enredos … com o guião. Enquanto que nos super-heróis quando parece que chegou ao fim e não sabe o que há de fazer, vem um super-poder e pronto, escapa! Mas em “Rock Rivers” não é assim … são personagens que não têm super-poderes, mas com muitas habilidades, evidentemente, que são postas constantemente à prova.

E falando do Rock in Rio no geral … acham que “Rock Rivers” vai influenciar a comunicação deste “mega” evento que já está presente em tantos sítios?
Pere: De momento … como se pode ver, começamos a ver que a Banda Desenhada é um pouco “maior” (tem mais força) do que imaginávamos … mas só o tempo o dirá. Nós esperamos que sim, que dê mais força à marca Rock in Rio, e que as suas estéticas se aproximem cada vez mais. Mas mais que isso já depende da organização e da recepção do público …
Carles: É importante para nós que “Rock Rivers” funcione bem com BD, que ganhe força e personalidade, e que conquiste o público … e depois disso veremos o que acontecerá! Mas a nossa obsessão é que a BD funcione, ou seja, estamos permanentemente a dar-lhe voltas, nos seus vários aspectos, desde a narrativa até mesmo ao enredo, para que se encaixe a este formato de imprensa. Por exemplo … o jornal onde vai sair em Espanha tem um formato diferente do Português, e isso obriga o Pere a fazer dois tipos de montagem

E para terminar, a pergunta da praxe do nosso Blogue: o que é para vocês o Lifestyle?
Pere: Boa pergunta! Pois não sei … suponho que tenha um significado diferente para cada pessoa. Mas penso que é fazer o que te apetece, quando te apetece, e da maneira que te apetece!
Carles: Acho que é importante cada dia empenharmo-nos no que estamos a fazer, da melhor forma possível … a vida não faria grande sentido se acima de tudo não aproveitássemos o dia-a-dia!

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