Com os Fashion Awards Portugal 2012 ainda frescos na nossa memória, fomos conhecer um pouco melhor o homem que recebeu uma das distinções mais cobiçadas da noite – o Prémio Especial Fashion TV.
Paulo Nunes de Almeida, Licenciado em Economia, é o actual vice-presidente da Associação Empresarial de Portugal, mas foi o seu percurso no sector têxtil que o tornou o candidato perfeito para este prémio.
Entre os seus passatempos encontramos desporto, gastronomia e viagem, e entre os seus gostos a comida tradicional Portuguesa e Italiana, livros e cinema de acção e romance e a música Rock e Jazz.
Antes de mais um pouco do seu percurso ... como se tornou uma pessoa tão influente na área dos têxteis portugueses?
Depois de um já longo percurso, como empresário e dirigente associativo no sector têxtil, em 2004 candidatei-me a Presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, que tinha sido recentemente constituída por fusão de duas grandes estruturas associativas. Exerci essas funções durante um período extremamente importante para o sector, tendo em conta o processo de globalização em curso e a liberalização das trocas comerciais. Também durante a década de 2000 fui o principal responsável pelas primeiras apresentações da moda portuguesa nas semanas de moda internacionais, como S. Paulo, Paris e Nova York.
Para enveredar de tal forma no mundo dos têxteis, e consequentemente no mundo da moda, foi pelo gosto nesta área ou por ver um bom negócio à espera de ser agarrado?
Enquanto empresário foi uma oportunidade que surgiu em 1984 e a partir dessa altura os projectos foram crescendo e foram-se solidificando. Um empresário procura sempre um bom negócio e como tal esse foi o mote. Em paralelo, enquanto dirigente associativo, sempre assumi essas funções como se se tratasse de um verdadeiro serviço cívico, em prol do sector e da economia do país.
Sendo homem de negócios ... como acha que a moda em Portugal pode ajudar o país na situação em que este se encontra actualmente?
O país para crescer no futuro próximo, tem que exportar mais e importar menos, dado que as variáveis consumo e investimento irão ser seriamente afectadas pela redução do poder de compra e pela escassez de crédito. Assim sendo, terão de ser os sectores de bens transaccionáveis a cumprir essa difícil missão de exportar mais e contribuir para uma redução das importações. Os sectores onde a moda assume um papel de grande relevância como o vestuário, o calçado, a ourivesaria, entre outros, serão aqueles que melhor podem contribuir para esse desígnio. A conjugação de esforços entre os produtores e os criadores será determinante para esse resultado e é por essa sinergia que luto há muitos anos, felizmente com muito bons resultados.
Passando para um tema mais "leve"... esteve nos Fashion Awards Portugal 2011. Qual o seu balanço desta noite?
Como tive oportunidade de dizer na minha curta intervenção no momento em que recebi o prémio, o que senti naquela magnífica noite e excelente evento, foi a concretização de muitos sonhos por parte de todos os nomeados e de todos os vencedores. E como dizia, António Gedeão, na Pedra Filosofal, "...sempre que o homem sonha, o mundo pula e avança...". Por isso o mundo naquela noite, pulou e avançou, o que é muito bom. Por outro lado, também disse que senti naquela noite um ambiente de inconformismo face à situação que vivemos e uma forte capacidade de vencer os grandes desafios que temos pela frente. Assim, lembrei-me de Fernando Pessoa que nos deixou uma das frases que mais gosto: "Pedras no caminho, guardo todas um dia vou construir um Castelo".
E foi um dos grandes vencedores da noite. Quando soube de que iria receber o prémio especial a surpresa foi completa?
Como nunca andei atrás de prémios esse tema não me acompanhava no meu quotidiano. Por isso quando o Paulo Ribeiro, director-geral da FTV Portugal me telefonou dando-me essa novidade, confesso que não queria acreditar. Vou ser sincero, senti um misto de alegria e de responsabilidade. Porquê eu? A pergunta ficará sempre a badalar na minha cabeça mas que gostei, gostei.
Receber uma distinção destas não é todos os dias. Como se sente por receber o Prémio Especial Fashion TV?
Como disse atrás com responsabilidade acrescida mas também com um forte sentimento de partilha. Não me considero dono do prémio, considero-me fiel depositário, porque ele não é só meu. Devo partilhá-lo com todas as pessoas que durante estes anos trabalharam comigo, elas sabem que é verdade, da mesma forma que sempre lhes dei autonomia e independência para cada uma fazer o seu trabalho e cumprir as suas funções.
Este é um prémio que homenageia uma carreira ... e o Paulo teve uma como poucos! Ainda há muito por descobrir e novas coisas para alcançar?
Ainda me considero com capacidade para fazer coisas e para contribuir com a minha experiência para que o país seja melhor do que é hoje. Aos 52 anos porque não considerar-me um jovem se ainda me resta uma esperança de vida, quase igual há que tínhamos no início do século passado? Com a vantagem que hoje o mundo evolui a uma velocidade estonteante, temos é que estar atentos e ser um pouco visionários.
Projectos para breve no mundo da moda? Existem? Podemos saber de algum?
O segredo é a alma do negócio e sabendo da notoriedade da FTV não arrisco a dar umas dicas. Vou guardar para mim e quando eles se estiverem para concretizar, dou a notícia em primeiro mão à FTV. Noblesse oblige ...
E claro, sendo este um blogue de Lifestyle não podíamos deixar de perguntar: o que é que o Paulo faz para seguir as tendências?
Vejo desfiles, leio revistas, vejo as montras e no fim decido.
Para finalizar gostaríamos de saber uma definição sua: o que é para si LifeStyle?
Considero que o estilo de vida deve adaptar as tendências de moda, ao gosto de cada um. Ou seja, devemos tentar seguir as tendências, sem sermos escravos delas. A vida hoje deve conjugar um conjunto de factores que são determinantes para o nosso sucesso e para o nosso bem estar: realização profissional, família e amigos, cultura, prática desportiva, lazer e porque não estar na moda?
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