VIVER NUMA IGREJA








Não é um conceito totalmente original, mas continua a ser surpreendente e perturbador dos canones arquitectónicos: transformar uma igreja numa casa.

É com esta ideia, e segundo uma encomenda, que os arquitectos holandeses Zecc Architects, intervieram na antiga Igreja de S. Jakobus de Utrecht e transformaram um antigo espaço sacralizado, numa casa moderna e com todos os confortos inerentes a uma vida urbana contemporânea.

O que mais ressalta desta intervenção arquitectónica é o respeito e a dialética que os autores imprimiram aos dois vocabulários arquitectónicos. O objecto contemporâneo que criaram para albergar toda a compartimentação da casa veio habitar, ele também, o espaço da Igreja.

Localizado no centro da nave, este objecto compartimenta em duas direcções. Não só cria paredes, espaços e corredores que organizam toda a parte dos quartos, casa de banho e cozinha, como cria na sua parte superior uma compartimentação em open-space (através da criação de vários níveis) que separa as várias actividades e usos (escritório, espaço de música e ensaios, sala de estar e biblioteca). Simbolicamente a sala de jantar situa-se no local do antigo altar, num simbolismo evidente e bem conseguido.

Se dormir, cozinhar e lavar são usos inerentes à função de habitar, o principal desta situa-se no convivio. Assim os arquitectos deram o local de primasia (superior) a esta função da casa, situado-a na dimensão mais dramática da espacialidade da antiga igreja (a dimensão vertical).

Arquitectura com significado é o que se procura quando se projecta uma igreja e também uma casa ... ou será o que oferece a boa arquitectura?